quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Um Português “bem dizido”

É comum ouvirmos comentários acerca da riqueza do nosso idioma português brasileiro. Sua extensa gramática e infindáveis vocábulos enchem de orgulho aqueles que, munidos de dicionários, livros, manuais, métodos e materiais afins, defendem com unhas e dentes o correto uso da nossa língua falada e escrita. Infelizmente, a realidade do nosso dia-a-dia é bem outra. Temos uma linguagem rica, sim, mas pouco explorada e menos ainda valorizada por muitos brasileiros. Não é raro ouvirmos o uso incorreto do português por uma grande maioria que se preocupa apenas em estar sendo entendido, dispensando a linguagem formal e adaptando-se às gírias e “expressões rápidas” de comunicação. Existem casos, inclusive, em que falar o português corretamente parece “coisa de gente besta”. Conjugar os verbos nos tempos corretos pode levar um jovem a ser tratado de “fresco” pelos colegas. Embora na escrita exista uma certa preocupação de expressar-se corretamente, o mesmo não acontece quanto à comunicação verbal, pelo menos não no convívio diário. Mas o que leva uma pessoa à não valorizar algo tão importante como o seu idioma? É de se entender que inúmeras línguas tenham sido extintas pela imposição dos conquistadores de diversas épocas. Mas parece que agora nós é que estamos praticando esse crime contra nós mesmos. Centenas de tribos indígenas não tiveram a chance de preservar a sua cultura, muito menos o seu idioma. Contudo, nós, aparentemente civilizados, estamos depreciando esse valioso tesouro. Não digo que devêssemos falar eternamente um português formal e sem alterações, adaptações são bem-vindas e necessárias. O que não se admite é a importação de expressões em suas línguas originais, quando as mesmas poderiam facilmente se adaptar ao nosso bom português. Não podemos esquecer que a linguagem de um povo é também a sua identidade cultural, pois traduz a sua maneira de ver o mundo, revelando seus valores, sentimentos e pensamentos. Sem querer explorar muito essa globalização da nossa língua, é importante frisar apenas que, se não temos vergonha de balbuciar expressões de um idioma qualquer, sendo muitas vezes ridicularizado pelos colegas, porque não nos aprimorarmos ao uso correto, ou pelo menos perto do que seria isto, do nosso próprio idioma? Seria, no mínimo, um bom começo.

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