Autora de fascinantes romances e crônicas sempre atuais, a “Doce Anarquista”, como se autodenominava Raquel de Queiroz, tinha na caatinga uma de suas principais fontes de inspiração literária. Ainda jovem, com seus 17 anos, já era colaboradora do jornal “O Ceará”. Aos 20 publicou seu primeiro romance, “O Quinze”, que lhe rendeu o Prêmio Fundação Graça Aranha. Com 22 anos foi fichada, em Pernambuco, na Delegacia de Ordem Política e Social (Dops), como “agitadora comunista”.
A relação da Dama do Sertão com o partido só não foi maior que o seu amor à literatura. Amor esse ofuscado pela chama produzida pelo Estado Novo, que em 1937 promoveu a queima de seus livros em praça pública. Mas isso não a impediu de continuar escrevendo e ganhando prêmios, dentre os quais podemos destacar o Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras; o Jabuti de Literatura Infantil; O Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano e o Camões de Literatura, somente para citar os mais significativos.
Convidada por Jânio Quadros para ser Ministra da Educação ela respondeu que não, pois preferia continuar escrevendo e “sendo apenas jornalista”. Escreveu crônicas para o Correio da Manhã, O Jornal e o Diário da Tarde, antes de ser exclusiva da revista O cruzeiro e, em seguida de O Estado de São Paulo”.
Raquel de Queiroz partiu no dia 4 de novembro de 2003, antes de completar 93 anos, mas nos deixou ricas lições. Ela dizia que não gostava de escrever, mas era o que sabia fazer e de onde retirava o seu sustento. Isso desmistifica outra lenda do jornalismo, ou seja, que só é jornalista quem gosta de escrever. Essa também é uma lição para a nossa amiga Suiany, que pensa em engavetar seu diploma.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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